Uma alternativa ao capitalismo e socialismo - Conheça a Terceira Via

Desde a Revolução Francesa no século XVIII e a Revolução Industrial no século XIX, o cenário político mundial passou a ser dividido em duas vertentes, sendo uma chamada de direita (defendendo princípios como a intervenção mínima do Estado e o liberalismo econômico) e a esquerda (que defendia uma forte intervenção do Estado em todos os setores, inclusive na economia), quem titubeava em tomar partido de uma delas, ou ficava “em cima do muro”, o que era a minoria, era considerado como partidário de centro.

Com o passar dos anos e a evolução dos modos de governo e da realidade vivida nas sociedades em si, muitas tendências e características em torno dessa simples definição foram se atualizando e se moldando conforme o cotidiano. O século XX, foi recheado de revoluções, muitas delas de cunho operário e trabalhista; foi um período de franca expansão de todo o mundo no que tange aos meios de vida em si. Se analisarmos a fundo o que foi a vida do ser humano até a Primeira Guerra Mundial e o que foi após esse grande conflito, fica extremamente perceptível a evolução da vida em sociedade. Grandes cidades, grandes sistemas de governo, grandes sistemas políticos, evolução da economia, evolução da tecnologia, entre uma série de outras coisas.

Diante de tudo o que estava aos olhos nus do povo, era inimaginável continuar dividindo o globo entre a simples definição de direita ou esquerda, mesmo que com a Guerra Fria entre EUA e URSS, essa divisão tenha ficado mais evidente, porém, não se tratava mais de uma divisão apenas de sistemas políticos, mas sim do modo em que se enxergava a economia, a educação, a cultura, a segurança, enfim, passavam-se a englobar tudo o que era relacionado ao Estado e ao Governo em si. Anteriormente a Crise de 1929, acreditava-se que o Estado não deveria interferir de modo algum na economia, com a crise de 1929 passa-se a acreditar que o Estado deva participar da economia de algum modo. As mudanças passam a ser aceleradas e em meio a um desses períodos de mudança surge a social democracia, com uma ideia de capitalismo que visasse também o bem estar da sociedade, pregando ser obrigação do Estado reger um estado mínimo de direito a população prezando por saúde, educação, segurança, entre outras coisas.

Nos anos finais da Guerra Fria com os governos de Margareth Thatcher no Reino Unido e de Ronald Reagan nos EUA, começam a ser difundidos os princípios e tendências do neoliberalismo, visando um Estado mínimo em substituição as ideias anteriormente difundidas da social-democracia. É importante ressaltar, que a social democracia surge como a ideia de um capitalismo com um olhar em especial para o povo, definido por Anthony Giddens como um centrismo radical, porém, considerado por muitos como uma teoria mais voltada a um capitalismo de esquerda.

Na Austrália, no final da década de 1980, nasce das causas operárias a ideia de uma vertente modernizada da social-democracia. A esta vertente é dado o nome de Terceira Via. Ela parte do princípio de que o Estado tenha uma interferência, mas de que esta não seja nem máxima e nem mínima. Surge da necessidade de que se tenha um olhar voltado para o povo e não para que esse fique a mercê do que o mercado lhe propor.

As principais características da Terceira Via são: a responsabilidade fiscal, o combate a miséria, a carga tributária proporcional a renda e o Estado sendo o responsável por segurança, saúde, educação e previdência. Ou seja, que o mercado seja livre, mas que fique a cargo do Estado a regulação deste mercado e as políticas voltadas ao bem estar de sua população.

A ideia da Terceira Via, passa a ser amplamente difundida com a chegada ao poder de Bill Clinton nos EUA e Tony Blair nos EUA. Em seus governos, eles reúnem lideranças simpatizantes dessa vertente, de todas as partes do mundo, entre elas Fernando Henrique Cardoso, presidente do Brasil, para que sejam formuladas ideias e propostas a fim de melhorar ainda mais a ideia da Terceira Via. No final, isso acabou não dando certo, pois cada país possui as suas próprias realidades e cada governante as suas próprias ideias. Com o término do século XX e início do século XIX, a Terceira Via entrou em declínio, assim, como seus principais líderes. Bill Clinton encerra seu mandato nos EUA, Tony Blair após os escândalos referentes a participação do Reino Unido no Iraque deixa o poder e seu sucessor sofre uma derrota acachapante e vergonha na eleição seguinte, bem como outros líderes não conseguem fazer seus sucessores como foi o caso de FHC no Brasil, que não consegue eleger Serra seu sucessor.

A esposa de Bill Clinton, Hillary Clinton, tradicional política dos EUA é uma das defensoras dessa vertente ainda, bem como o atual presidente francês Emmanuel Macron, é um dos poucos governos de relevância no mundo que ainda seguem a linha da Terceira Via, não tomando partido nem para a direita e nem para a esquerda, mas sim, considerando que a forma ideal de governo é juntando ideias e princípios de ambos os lados.