Seria ele o pior papa da história? Conheça Rodrigo Bórgia
- matheusdesenna
- 23 de jan. de 2022
- 4 min de leitura

A história do cristianismo, principalmente da Igreja Católica, é riquíssima. Muitas vezes essa história acaba sendo confundida até mesmo com a história da humanidade, tamanha a sua importância e influência. Desde o século I d.C., em paralelo a esta história, pode-se contar também a história de homens e mulheres que tiveram grande destaque e que são apontados como expoentes para fatos importantíssimos que hoje fazem parte do nosso cotidiano.
Por falar em histórias que se confundem, podemos citar a história do papado; geralmente a história dos líderes da Igreja Católica, acabam se entrelaçando na própria história do catolicismo, onde muitas vezes é possível se confundir até que ponto vai a igreja enquanto instituição e até que ponto vão aqueles que a lideram como personalidades que já passaram por estas bandas.
Alguns líderes são retratados como santos, milagreiros, pessoas que construíram bens imensuráveis para a humanidade, enquanto outros, propositalmente ou não, acabam sendo relegados a um segundo plano, sem grande destaque ou sem terem sua caminhada tão compartilhada como outros.
Durante certa época, houve uma família de enorme influência na Igreja Católica. Hoje, são retratados por séries e filmes, mas acabam não fazendo parte do próprio roteiro da igreja em si como outros que vemos e podemos citar. Atualmente, o líder do Catolicismo é o Papa Francisco, o Papa de número 226. Se pensarmos que antes dele outras 225 pessoas passaram pelo posto, imagine quanta história não há por trás dessas personalidades.

Voltando na família, que citei um pouco antes, quero fazer um retrato da família Bórgia, uma família com grande influência e poder nos séculos XV e XVI, época do Renascimento. Essa poderosa família, produziu 3 Papas e ainda diversos cardeais, entre outros em cargos de extrema influência. Os Bórgia detinham enorme influência política e eclesiástica neste período, porém, hoje o nome da família Bórgia é sinônimo de corrupção, traição, crueldade e sede pelo poder. Que fique claro, hoje não iremos falar sobre a Igreja Católica enquanto instituição ou religião, mas sim, de um de seus Papas, na verdade o 214º Papa de sua história, o Papa Alexandre VI, nascido Rodrigo de Borja.
Rodrigo nasceu em Valência, na Espanha em 1º de janeiro de 1431. Na Itália, o sobrenome Borja acabou ganhando a pronúncia Bórgia. Se formou em direito canônico na Universidade de Bolonha. A história de Rodrigo Bórgia no catolicismo começa quando seu tio materno Afonso Bórgia é eleito cardeal em 1444. No ano de 1455, Afonso é eleito Papa e escolhe o nome de Calisto III. Calisto fez o máximo uso possível do nepotismo durante o seu período a frente da Igreja Católica, sendo seu sobrinho Rodrigo nomeado cardeal no ano de 1456, vice chanceler em 1457, além de ser nomeado Bispo de Valência e capitão das tropas papais.
Rodrigo se casou com Vanozza dei Cattanei, com quem teve quatro filhos: César, Giovanni, Lucrécia e Jofre. Porém, fora do casamento Rodrigo teve diversas amantes, a qual podemos destacar Giulia Farnese e também alguns filhos não reconhecidos, como: Pedro, Isabela e Girolama.
Seu tio Calisto III, faleceu no ano de 1458, mesmo assim, Rodrigo só é eleito Papa no ano de 1492 em uma eleição onde o maior destaque foi a compra de votos, entre outros fatos nebulosos. Até então, a compra de votos em uma eleição papal era algo recorrente a época, não deixando de ser um escândalo atualmente devido ao posto a qual era pretendido. Rodrigo em sua eleição, venceu Ascanio Sforza (representante de Milão) e Giuliano della Rovere (seu principal oponente, que era apoiado pelo reino francês). Rodrigo após sua eleição escolhe o nome de Alexandre VI para o seu período a frente da Igreja Católica. Ser Papa naquela época não significava apenas ser o representante de Cristo na Terra, mas sim uma pessoa de influência e poder imensuráveis.
Já como Alexandre VI, o catolicismo passa por um período nefasto de sua história. O

Papa se aproveita de sua posição para a venda e negociação de cargos eclesiásticos, além de distribuir vários deles para a sua própria família, nomeando cardeais por exemplo seu filho de 16 anos César, sobrinhos, entre outros. Como se isso já não bastasse, o período ficou caracterizado pelo assassinato de diversos opositores de Alexandre VI. Talvez, o maior deles foi o frei Girolamo Savonarola, que acabou anos depois sendo estrangulado e queimado após passar uma tortura e confissão sob tortura.
Durante os 10 anos de papado de Rodrigo, eram comuns diversas festas e orgias no palácio papal, regadas a muita comida e bebidas, além de acordos no mínimo questionáveis para que se aumentasse o poder em torno da família Bórgia. Alexandre VI também ficou marcado pelo acordo de divisão do Novo Mundo (as Américas) que foi havia sido descoberto por Colombo em 1492. Em troca de apoio a um de seus filhos que se tornou o Duque de Gandia, Alexandre VI fez uma bula papal que dava plenos direitos a coroa espanhola sobre as terras descobertas. Posteriormente, a Espanha negociaria esses termos a parte com a coroa portuguesa, no que ficou conhecido como Tratado de Tordesilhas.
Após quase 11 anos de papado, Alexandre VI passou uma semana enfermo e veio a falecer no dia 18 de agosto de 1503. Não se sabe ao certo se sua morte foi proveniente de uma malária, doença típica a época ou se foi por envenenamento. O fato é que a controversa vida de Rodrigo Bórgia ficou marcada na história e muitos lhe concedem o título de "pior Papa de todos os tempos".
A vida de Rodrigo e de sua família, foi e é retratada em diversas obras, como as séries: The Borgias (do canal Showtime), Borgia (do produtor Tom Fontana); e inclusive nos jogos: Assasin´s Creed II e Assasin´s Creed: Brotherhood (onde Rodrigo é apresentado como um antagonista).
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