Pernambuco foi uma República por 2 meses - A Revolução Pernambucana
- matheusdesenna
- 6 de mar. de 2021
- 3 min de leitura

A história do mundo é recheada de guerras, batalhas e disputas de poder. No Brasil não podia ser diferente. Com os ideais iluministas instaurados a partir da Revolução Francesa no século XVIII, muitos países começaram a ver surgir novos princípios e anseios em meio a população. No Brasil, a partir do século XIX, ou seja, tardiamente, as sementes plantadas pela Revolução Francesa começam a brotar e os resultados disso começam a igualmente aparecer.
Um dos principais episódios da história brasileira, acontece nesse período comentado e hoje, vou apresentar para vocês o que foi a Revolução Pernambucana de 1817, o período em que a capitania de Pernambuco tornou-se uma República por pouco mais de 2 meses.
Com a transferência da Coroa Portuguesa para o Brasil em 1808, muita coisa mudou para quem já morava por aqui. Pernambuco tinha predominância econômica de duas culturas, a do algodão e a do açúcar, ambas em queda na época. Se não bastasse a economia em frangalhos, com a vinda de Dom João VI e sua comitiva para o país, a rotina brasileira e de seus colonos é alterada totalmente. Muitos eram os luxos da família real portuguesa e alguém precisava custear isso, sendo assim, houve um considerável aumento de impostos no Brasil, para se ter ideia, a população do Recife precisava ajudar até mesmo no custeio da iluminação pública da cidade do Rio de Janeiro. Junto à família real, chegam diversas pessoas da confiança de Dom João VI, que passam a assumir cargos administrativos no Pernambuco e postos de comando de no Exército, o que desagrada ferozmente as lideranças locais. Aliado a isso, os ideais iluministas da Revolução Francesa estão aflorados, assim sendo, é criado o cenário perfeito para que surja um movimento separatista em Pernambuco e ele surgiu.
Diferentemente da Inconfidência Mineira e da Conjuração Baiana, a Revolução Pernambucana passou de uma conspiração e no dia 6 de março de 1817, o brigadeiro português Manoel Joaquim Barbosa de Castro é assassinado ao realizar o pedido do governador local para que se prendesse suspeitos de participarem de uma conspiração contra a Coroa. O assassinato cometido pelo Capitão José de Barros Lima faz com que o governador fuja rumo ao Rio de Janeiro. Àquela altura, o movimento separatista contava com o apoio de lideranças políticas locais, militares, juízes, a alta sociedade, os padres e até mesmo a população em geral. Devido ao envolvimento dos padres no movimento, ele também é conhecido como a Revolução dos Padres.
Com o assassinato do brigadeiro em 6 de março daquele ano, inicia-se a Revolta e com a fuga do governador é implantado um governo provisório local. Algumas lideranças do movimento eram: Domingos José Martins, José de Barros Lima, Cruz Sabugá e o Padre João Ribeiro e algumas das principais mudanças instituídas após a ascensão ao poder foram: a Proclamação da República da Capitania do Pernambuco, liberdade de imprensa e credo, abolição dos impostos da Coroa Portuguesa, instituição do poder tripartite, aumento do soldo dos soldados e manutenção do trabalho escravo.
O governo instaurado na capitania visava muito mais beneficiar as elites locais do que propriamente a população em geral e para se manter, necessitava de apoio. Sendo assim, buscou apoio junto a estados vizinhos e inclusive em países vizinhos também. Cruz Sabugá por exemplo, foi enviado aos Estados Unidos com a intenção de adquirir armas, mas também para tentar o apoio norte-americano a Revolução. Estados como Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba acabaram por aderir aos ideais separatistas pernambucanos.
É claro que a Coroa Portuguesa não aceitaria o movimento e tudo que estava acontecendo e logo tratou de o repelir e de forma exemplar. Uma frota marítima foi deslocada do Rio de Janeiro para o Recife, a fim de realizar um bloqueio total de seu porto. Mais de quatro mil soldados da Coroa marcharam da Bahia rumo a retomada de Pernambuco. É importante ressaltar que com a ascensão ao poder, as lideranças pernambucanas divergiam entre si e não encontravam pontos de convergência, o que facilitou e muito o trabalho de retomada.
A revolta durou até 20 de maio de 1817, quando o General Luís do Rego Barreto retomou o controle de Recife. Não bastava abafar a revolta, era preciso punir as suas lideranças para que episódio semelhante não voltasse a acontecer. Padre João Ribeiro se enforcou quando viu a retomada iminente, Cruz Sabugá quando soube dos acontecimentos, nem se deu ao trabalho de retornar dos Estados Unidos, Domingos José Martins foi arcabuzado (o semelhante ao fuzilamento nos dias atuais), o Capitão Barros de Lima foi enforcado e teve mãos e cabeça decepados, sendo estes membros expostos a população, enquanto seu corpo foi arrastado por toda a cidade do Recife.
Ao todo nove pessoas foram enforcadas, quatro arcabuzadas e diversas outras presas. A Revolução Pernambucana foi um dos principais movimentos separatistas do Brasil e conseguiu instituir um governo provisório por pouco mais de dois anos na capitania de Pernambuco.
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