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O papel da cultura negra na construção de uma escola democrática

  • matheusdesenna
  • 7 de jan. de 2021
  • 3 min de leitura

A história do Brasil está intimamente ligada ao papel central desempenhado pelos povos africanos que por aqui começaram a desembarcar em meados do século XVI e que tiveram contribuição fundamental no desenvolvimento e estruturação do país tal qual o conhecemos hoje.

Com a chegada dos portugueses por aqui no ano de 1500 e seu interesse na atividade de extração, existia a necessidade de mão-de-obra, de preferência barata para que realizassem o trabalho "sujo" e "pesado" para eles. Como as coisas com os povos indígenas não foram tão fáceis e como a atividade comercial da escravização de negros estava em alta, no ano de 1540 começam a desembarcar no Brasil os primeiros navios negreiros. A ideia deu tão certo, que a absolvição da escravatura só veio após mais de 340 anos, mais especificamente no ano de 1888 através das mãos da tão conhecida Princesa Isabel. Um adendo que se faz necessário é o de que o Brasil foi o último país do Ocidente a abolir a escravatura.

Essa população negra que por aqui desembarcou, não somente trouxe sua força de trabalho, mas também trouxe consigo sua cultura, seus costumes, sua culinária, suas crenças, festividades, entre outras diversas coisas. Lembrando a data em que nosso país foi descoberto e a data de chegada dos povos africanos por aqui, fica evidente que praticamente desde o descobrimento desta nação, esses povos por aqui habitam.

Mesmo com toda a contribuição dos negros ao longo dos anos, o Brasil não foi capaz de os valorizar, sendo sabido a enorme marginalização a que são submetidos por aqui.

Com o passar dos anos, o papel das escolas foi sofrendo muitas e constantes alterações não só em sua estrutura, mas também enquanto instituição, no que tange as partes envolvidas em seus processos. A escola democrática deixou de ser apenas um simples conceito, tornando-se uma realidade no cotidiano educacional brasileiro,

Em um ambiente onde a contribuição, nem que seja mínima, de todas as partes tornou-se cada vez mais importante, foi vital que todas as etnias passassem a ter participação na construção do saber e eis ai um grandiosíssimo desafio. Como envolver a todos em um país marcado pela exclusão de minorias?

Como exemplo, podemos citar que em nossas escolas, as crianças possuíam até então exacerbadas cargas horárias de história europeia, oriental, cultura americana, entre outros diversos conteúdos, porém, alguns povos que tanto contribuíram para a construção deste país acabaram ficando esquecidos, como é o caso dos povos africanos e indígenas. Essa ausência, tratava de diminuir ainda mais a sua importância cultural.

Traduzindo para o nosso dia-a-dia, a escola democrática é aquela onde todas as partes envolvidas em seus processos possuem tomada de decisão, sendo assim, contribuem igualmente, diretores, coordenadores, professores, demais funcionários, alunos, pais e a comunidade em geral. Como qualquer processo que envolve a pluralidade de ideias, essa forma de gestão escolar é complexa e exige demasiados esforços desde o seu planejamento, organização e até o seu estabelecimento e que seja colocada em prática.

A cultura afro, como é carinhosamente conhecida, foi reprimida e perseguida no Brasil por diversos anos, até que em 1930, no governo Getúlio Vargas, as perseguições deixaram de acontecer. Foram inúmeros anos sendo relegados a um papel de inferioridade na sociedade brasileira e ai entramos em um ponto crucial, como ser democrático em um ambiente onde uma das partes não possui o devido respeito e a igualdade propositiva?

É notória a contribuição afro para o dia-a-dia do brasileiro, desde a música (como o samba, maracatu, baião, ...), a culinária, as crenças, entre diversas e incontáveis outras coisas.

Apenas em 2003, através da Lei nº. 10.639 (Lei de Diretrizes Básicas da Educação), as manifestações, rituais e costumes africanos passaram a ser celebrados e valorizados no ambiente escolar. Através desta Lei, as escolas brasileiras passam a ser obrigadas a adicionar em seus currículos o ensino da história e cultura afro-brasileira.

Quando falamos da importância do papel da cultura negra na construção de uma escola democrática, partimos do pressuposto da representatividade. De nada vale criar uma situação hipotética, os negros devem ser incluídos no dia-a-dia escolar para que assim passem a participar por completo do intuito de ter uma voz ativa no ambiente escolar. Como uma pessoa negra, poderia participar por igual se não se sentir igualmente representada?

Estima-se que para cada uma pessoa branca analfabeta, existam 3 negras nesta situação, por essas e outras é que devemos encarar como vital o papel da cultura negra na construção de uma escola democrática, afinal, para quem desconhece, representatividade é a expressão dos interesses de um grupo na forma do representante, no caso um indivíduo que fala em nome do coletivo.



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