O golpe de 1930 - O início da "Era Vargas"
- matheusdesenna
- 18 de jan. de 2021
- 3 min de leitura

Engana-se quem pensa que a política conturbada é uma característica recente brasileira. Desde os tempos do Brasil colônia, o país sofre nas mãos de homens que geralmente colocam seus interesses pessoais acima dos interesses da coletividade. O resultado disso, como a história nos mostra, é desastroso e inevitavelmente acaba resultando em conflitos, nem sempre de grandes proporções mas que deixam sua marca ao longo da história. Com base nisso, hoje explanarei o que foi "O Golpe de 1930" que culminou no início da "Era Vargas" no Brasil.
Para alguns o chamado golpe, tratou-se de uma revolução, mas independente do nome dado, é importante ressaltar o contexto em que vivia o Brasil naquele momento. O país era tomado pela política do "café com leite", onde mineiros e paulistas se revezavam no comando do executivo brasileiro. Ao se aproximar do término do mandato de um paulista, ele indicava um mineiro para sucedê-lo e assim vice-versa. Essa era uma forma de manter a prioridade nos interesses desses dos estados, em detrimento dos outros.
O mundo todo sofria com os efeitos da "Crise de 1929" e no Brasil não era diferente. Como o país baseava sua economia em uma monocultura e essa teve um declínio gigante devido a crise, o Brasil sofria com um altíssimo número de desempregos e a diminuição considerável da renda das famílias, o que culminava no descontentamento com o governo a época, sob o comando do paulista Washington Luís.
Washington Luís, conforme a citada política do "café com leite", deveria indicar um mineiro para substituí-lo como Presidente da República, mas não o fez. Ele indica para as eleições, o presidente do estado de São Paulo, Júlio Prestes e assim descumpre o acordo de outrora com os mineiros. É óbvio que os mineiros não ficaram nada felizes com essa decisão e decidem se opor a candidatura de Júlio Prestes. A essa oposição já estavam alguns militares, descontentes com os rumos que o país tomava, além de Getúlio Vargas (presidente do estado do Rio Grande do Sul) e João Pessoa (presidente do estado da Paraíba). Dessa oposição, dá-se início a Aliança Liberal, que lança para eleição uma chapa com Getúlio Vargas para presidente e João Pessoa para vice.
Em meio a inúmeras denúncias de fraude, Júlio Prestes vence as eleições em março de 1930 com expressiva votação, o que não agrada a Aliança Liberal. Somado a isso em julho de 1930, João Pessoa é assassinado no Recife. Mesmo que seu assassinato nada tenha a ver com a disputa presidencial ocorrida naquele ano, criou-se o cenário perfeito que a oposição precisava. A indignação se alarda por todo o país, porém, Washington Luís não tinha mínimas intenções de renunciar, ainda mais que faltava pouquíssimo tempo para o término de seu mandato.
Em 3 de outubro de 1930, Getúlio Vargas lidera os militares e a oposição ao atual governo e marcha rumo ao Rio de Janeiro (capital do país naqueles tempos). Diante do que acontecia, Washington Luís afirmava que só sairia da presidência morto ou preso. Em 24 de outubro de 1930, os três ministros militares do governo, levam Washington Luís preso e é instituída uma Junta Governativa, encabeçada por quem? Sim, por ele mesmo, Getúlio Vargas, que assume o governo provisório do Brasil.
Como primeiras medidas, Vargas revoga a Constituição de 1891 e passa a governar através de decretos. Depõe todos os presidentes de estados e nomeia pessoas de sua confiança para tal função. Assim, dá-se início a tão famosa "Era Vargas", que durou até a data de seu suicídio em 1954.
Uma curiosidade legal dessa época é que três ex-ministros de Getúlio Vargas e três tenentes de 1930 chegaram a Presidência da República, são eles: Gaspar Dutra, João Goulart e Tancredo Neves (ex-ministros), Castelo Branco, Médici e Geisel (ex-tenentes).
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