O ensaio geral - a Revolução Russa de 1905
- matheusdesenna
- 22 de jan. de 2021
- 3 min de leitura

Em se tratando de história é sempre crucial que se retrate o contexto em que cada episódio está inserido. A Rússia do início do século XX, era uma monarquia absolutista, governada pelo Czar Nicolau II.
O país de imensas proporções era povoado por diferentes povos, de diferentes línguas e diferentes culturas. Tal qual já havia ocorrido em diversos outros países, no final do século XIX o Império Russo, que era majoritariamente agrário, passa a contar com a migração de muitas famílias do campo para as cidades, como resultado da abolição do regimes de servidão em 1861.
Como efeito deste processo de migração, o Império passa a sofrer de um capitalismo elitista e excludente, pois os trabalhadores saídos do campo sujeitam-se a cargas excessivas de trabalho, baixa remuneração e ficam a mercê da pobreza e marginalização.
Não demora muito até que no ano de 1904, a oposição ao Czar, juntamente com estudantes e aristocratas, se articulam de tal modo que passam a estourar diversas greves por todo o país, a fim de pressionar Nicolau II por mudanças. Como todo bom político, ele cede, mas não ao ponto de afetar seu modelo de governo. Suas mudanças não resultam em nada de efetivo para a população.
Em meio a todo este cenário interno desolador, em 1904 a Rússia ainda inicia a chamada Guerra Russo-Japonesa. A guerra contra o Império do Japão, tem sua motivação no domínio dos territórios da China e da região da Manchúria. O resultado não poderia ter sido pior ao regime czarista, o Império japonês impõe uma derrota humilhante ao exército russo, fato que enfraqueceu o regime do Czar e tornou-se o ponto inicial da derrocada do regime.
Diante de tudo o que estava acontecendo, a classe trabalhadora começa a se organizar, são criados sindicatos e inicia-se a construção de um projeto político para o país.
No dia 22 de janeiro de 1905, cerca de 1 milhão e meio de pessoas, se reúnem e marcham rumo ao Palácio de Inverso do Imperador na cidade de São Petesburgo. A marcha era pacífica e tinha como objetivo entregar uma petição assinada por cerca de 350 mil pessoas com reinvindicações em diversas áreas.
Foi dada a ordem aos militares que protegiam o palácio para que dispersassem a manifestação com balas e tiros, o resultado não poderia ter sido outro, foi trágico. Não se sabe ao certo o número de mortos e feridos, mas a neve que cobria o chão naquele dia passou a ter a companhia de diversos corpos.
Um detalhe importante de se ressaltar é o de que apesar de tudo o que ocorria no país, Nicolau II ainda gozava de muito prestígio entre a população, fato que acabou após esse episódio que ficou conhecido como o "Domingo Sangrento".
O ódio e a repulsa a Nicolau II fez com que vários grupos se juntassem; cada qual com suas reinvindicações. Eram percebidos movimentos por todos os lados durante aquele fatídico ano de 1905. Devido a toda situação que ocorria, os diversos grupos que já estavam se organizando, passam a contar com uma severa repressão por parte do governo, diversas pessoas são presas, exiladas e até mesmo mortas. Porém, isso já não surtia tanto efeito.
Sendo assim, em outubro de 1905, o Czar Nicolau II lança o "Manifesto de Outubro", que entre as principais características, criava uma espécie de Assembleia denominada Duma, onde vários grupos passariam a ter representatividade. Na prática, nada mudou após o manifesto, pois o governo continuava a controlar tudo e tinha inclusive o poder de destituir a Duma quando quisesse. As promessas do Czar só serviram para dividir os grupos oposicionistas entre eles e assim, acabaram fortalecendo o próprio Nicolau II.
Por fim, a Revolução de 1905 fracassou, o Czar Nicolau II continuou no poder e seu governo continuou a ser um governo absolutista. Porém, os acontecimentos daquele ano serviriam para acabar com a figura divina e paternal de Nicolau. Daquele ano de 1905 foram plantadas as sementes que viriam a florescer após o término da Primeira Guerra Mundial, no ano de 1917, ano em que ocorre a Revolução Socialista Russa. Para a Revolução de 1905 é dada a alcunha de "Ensaio Geral".
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