Maria Tomásia - a desconhecida que foi fundamental para a abolição da escravatura no Brasil

Em 13 de maio de 1888 é assinada a Lei Aurea, onde fica extinguida a escravidão no Brasil; o último país do ocidente a o fazer. Os louros da abolição recaem sobre Isabel, a princesa regente, responsável pela assinatura da lei. Não é preciso ir muito longe ou fazer uma pesquisa muito aprofundada, para saber que a lei promulgada foi apenas resultado da luta de homens e mulheres, que em muitos casos até mesmo sacrificaram suas vidas em prol da abolição. Porém, o que poucos sabem, é quem foram estas pessoas.

Engana-se quem pensa que a abolição da escravatura se deu por benevolência da monarquia brasileira. Aleais, a maior mancha na biografia de Dom Pedro II, imperador do Brasil, foi o extenso período da escravidão sob o seu governo, sendo a mesma findada apenas um ano antes do fim de seu comando.

O fato é que após algumas medidas e leis que buscavam diminuir a quantidade de escravos e melhorar as condições de vida destes, como foi o caso da das leis do “ventre livre” e dos “sexagenários”, isso nada teve de efetivo e o Brasil continuava fracassando em suas políticas relacionadas a escravatura.

No início da década de 1880, o clima era insustentável no país e principalmente para a corte brasileira. O movimento abolicionista crescia assustadoramente, contando com embates entres parlamentares, movimentações artísticas e fugas em massa de escravos, que a polícia e o exército já não faziam mais questão nem de reprimir. Quatro anos antes da promulgação da Lei Aurea, os estados do Amazonas e Ceará tomam a dianteira do movimento abolicionista e acabam com a escravidão em seus estados.

Essa luta foi constituída por pessoas, muitas delas ou grande parte delas relegadas ao esquecimento e sequer citadas nos livros e aulas de história. Uma dessas pessoas é Maria Tomásia Figueira Lima, nascida em 1826 e uma das personagens centrais da luta abolicionista no Brasil. Mas afinal, quem foi essa mulher de tanto destaque?

Não existe uma riqueza de detalhes acerca de sua vida, muitas vezes até mesmo pelo fato de ser uma mulher pioneira para o seu tempo. Nascida em Sobral, no estado do Ceará e de uma família tradicional do estado, após se casar com um abolicionista, muda-se para Fortaleza, capital do estado e onde passa a dedicar sua vida a luta contra a escravidão. Em dezembro de 1880, ajuda junto a mais 21 mulheres a fundar a Sociedade das Cearenses Libertadoras, entidade que ganhou destaque e se tornou uma das principais vias na busca pela libertação dos escravos.

Já na primeira reunião do grupo, elas conseguem a assinatura de 12 cartas de alforria, algo incrível por se tratar de um movimento embrionário. Tão logo, conseguem junto aos senhores de engenho mais 72 e assim vão caminhando e fazendo com que o movimento ganhe massa. A sociedade passa a ganhar muita relevância, se reunindo em grupos abertos e defendendo com fortes argumentos a extinção da escravidão, passando a ter o apoio da imprensa e sua consequente comunicação e até mesmo tendo o apoio financeiro do imperador Dom Pedro II devido ao seu destaque.

O trabalho de Maria Tomásia e suas companheiras foi primordial para que em março de 1884, o Ceará abolisse a escravidão no estado, estando Maria Tomásia presente na sessão da Assembleia Legislativa que promulgou tal lei. Este ato, anos mais tarde, sendo mais específico, quatro anos depois tornou-se fundamental para que a princesa Isabel assinasse e posteriormente promulgasse a Lei Aurea, extinguindo a escravidão em todo o Brasil.

Você conhecia ou já tinha ouvido falar sobre a nobre Maria Tomásia e sua luta em prol do final da escravidão no Brasil?