Ganga Zumba - O antecessor de Zumbi dos Palmares
- matheusdesenna
- 2 de ago. de 2021
- 3 min de leitura

No Brasil colonial, a mão-de-obra quase que em sua totalidade era composta pelos escravos africanos que eram traficados para terras tupiniquins, principalmente nas grandes fazendas que movimentavam a economia do país. Devido ao grandioso número de escravos nas fazendas e as condições precárias a que eram expostos diariamente, era rotineiro que sempre que surgiam oportunidades esses escravos fugissem para bem longe da vista dos latifúndios e principalmente de seus senhores do mato. Esses escravos fugidos se reuniam em pequenas vilas que eram chamadas de mocambos.
Para cada mocambo existia o seu próprio líder e um grupo de mocambos, com uma determinada organização entre eles, era chamado de quilombo, sendo seus integrantes os quilombolas. Incorporando a cultura de como eram as coisas na África, apesar de no quilombo existir um líder geral, as decisões eram tomadas por um colegiado, integrado por todos os líderes dos mocambos integrantes do quilombo.
Entendo um pouco mais sobre a organização existente àquela época, no ano de 1965, ocorreu a Batalha de Ambuíla, onde se opuseram o Reino de Portugal e o Reino do Congo (atual Angola). Na oportunidade a princesa Aqualtune, irmã do Rei Antônio I do Congo, é presa pelos portugueses ao liderar um exército de 10 mil homens na batalha. Aqualtune é feita prisioneira e é trazida junto a outros escravos ao Brasil, onde serviria como escrava reprodutora.
No Brasil, ao descobrir a existência dos quilombos, Aqualtune, juntamente com outras pessoas fogem. Seu filho Zumba, nascido em 1630, assume como uma espécie de rei do quilombo onde viviam, sendo o líder maior do local. Ao assumir o comando do Quilombo dos Palmares, passa a ser chamado de Ganga Zumba, que significa "o grande filho do Senhor".
Ganga Zumba possuía uma verdadeira vida de rei no local, chegando a ter um palácio, súditos, guardas, entre outras coisas. Era normal os quilombos sofrerem com diversas investidas por partes dos colonizadores do Brasil, afinal, a existência do quilombo significava a redução de mão-de-obra escrava, além da oportunidade para que em caso de fuga os escravos tivessem para onde ir.
Os mocambos do Quilombo dos Palmares em sua maioria eram liderados pela família de Ganga Zumba e inclusive um deles tinha a liderança de seu sobrinho, chamado Zumbi.
Durante as investidas ao quilombo, os quilombolas conseguiam se manter através de táticas e técnicas de guerrilha, mas mesmo assim, muitos deles acabavam morrendo e outros sendo presos. E foi assim que em 1677 em um ataque Ganga Zumba é ferido, um de seus filhos morre e outros dois são presos. Diante do cenário, o governo da capitania propõe um acordo no ano de 1678, aonde liberaria alguns dos prisioneiros e cederia um pedaço de terra no Vale do Cacau para que os quilombolas se mudassem e lá vivessem suas vidas, sob a condição de não aceitarem mais fugitivos.
Uma parte das lideranças aceitou o acordo, enquanto outra parte não aceitou e se revoltou quanto ao mesmo. Ganga Zumba decide aceitar o tratado proposto pelo Reino de Portugal, mas nem todos o acompanham. Ao chegar no local Ganga Zumba percebe que as coisas não são nem de longe como havia sido combinado, afinal a terra era imprópria para a plantação, seu espaço de sobrevivência era delimitado e eles passariam a ser monitorados o tempo inteiro.
Àqueles que não aderiram ao tratado e resolveram permanecer no quilombo, passam a ser liderados pelo sobrinho de Ganga Zumba, Zumbi dos Palmares. Sob seu comando, eles mantém a resistência anteriormente já conhecida. Quanto a Ganga Zumba, ele falece envenenado, mas o real motivo de sua morte permanece um mistério até os dias atuais. Para alguns, ele se suicidou de desgosto pelo tratado ora aceito. Para outros ele foi envenenado pelos companheiros de seu sobrinho Zumbi. Enquanto para outros ainda, ele foi morto pelos próprios companheiros que o acompanharam na jornada ao Vale do Cacau.
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