Aquele que seria o sucessor de FHC

Em 27 de fevereiro de 1994, acontecia um dos principais episódios do Brasil no século XX. Era lançado o Plano Real através da Medida Provisória nº 434, durante o governo de Itamar Franco. O principal objetivo deste plano era o controle da hiperinflação que assolava o país na época e um de seus resultados, acabou sendo a eleição do então Ministro da Fazenda de Itamar, Fernando Henrique Cardoso para a Presidência da República em mandato que iniciaria em 1º de janeiro de 1995. FHC como era conhecido, governou o país até 31 de dezembro de 2002 e um dos grandes marcos de seu governo e da posteridade, é que tanto o seu partido, como a ideologia seguida por ele, jamais conseguiram eleger um Presidente da República até os dias atuais.

No início de mandato de FHC na Presidência, assume o comando da Câmara dos Deputados, o então deputado federal Luís Eduardo Magalhães, que liderou a Câmara de 95 a 97 e que foi um dos grandes aliados da Presidência. Jovem, liberal, estudioso e que estava sendo preparado pelo seu partido PFL para ser o candidato a Presidência da República em 2002, mas que por um acaso da vida, acabou falecendo em abril de 1998, deixando órfão não somente os seus milhões de apoiadores pelo Brasil e mais especificamente na Bahia seu estado natal, mas também os partidos de centro e centro-direita brasileiros, que viam nele o candidato ideal para a sucessão de FHC.

Mas afinal, quem foi Luís Eduardo Magalhães?

Nascido em 16 de março de 1955, era filho do cacique político baiano Antônio Carlos Magalhães e de Arlette Maron Magalhães. Casado com Michelle, tinha 3 filhos, que na época de sua morte eram adolescentes. Luís Eduardo Magalhães é tio do atual presidente do Democratas e ex-prefeito de Salvador, ACM Neto. Era formado em direito, porém nunca exerceu a profissão. Em seus últimos anos de vida era um estudioso da obra de Max Weber, ídolo de FHC.

Apaixonado pela música, cinema e literatura, iniciou na política muito cedo. Com apenas 18 começou a trabalhar no Gabinete do Governo da Bahia, posteriormente passando por outros cargos. Com 23 anos é eleito deputado estadual em seu estado, onde permanece por dois mandatos, sendo inclusive eleito presidente da Assembleia Legislativa baiana. Eleito deputado federal em 1987, foi um defensor do Governo de Fernando Collor de Mello, a quem julgava ter sido vítima não só de seus erros como também de seus acertos. Filho de ACM, o aproximou do Governo de Fernando Henrique Cardoso, a quem apoiou incansavelmente durante seu período na Câmara. Pela vontade de seu pai, sairia candidato a vice-presidente na chapa de FHC, porém, preferiu permanecer no parlamento brasileiro.

Era crítico da Constituição brasileira e durante seu tempo na presidência do legislativo ganhou destaque ao romper com o "colégio de líderes" e levando as votações diretamente ao plenário da casa. Conduziu a aprovação de mais de cinquenta leis e catorze emendas constitucionais propostas pelo governo. Comandou a quebra do monopólio do petróleo, aprovou o novo conceito de empresa nacional, acabou com as restrições ao capital estrangeiro e foi peça decisiva para a aprovação da emenda da reeleição, seu último ato como presidente da Casa. Chegou até mesmo a ser classificado por adversários políticos mais maliciosos, como o presidente da Câmara mais subserviente ao Palácio do Planalto desde os governos militares.

Devido as pressões de seu pai, lança-se em pré-candidatura ao governo do estado da Bahia, enquanto sua vontade era uma eleição ao Senado Federal. Era visto como candidato eleito ao governo daquele estado, mas infelizmente no dia 21 de abril de 1998 falece devido a um infarto do miocárdio. Ali enterravam-se os sonhos de seu pai vê-lo governador e o de muitas pessoas influentes no meio político o verem como o sucessor de Fernando Henrique Cardoso. É importante ressaltar, que mesmo passados quase 23 anos desde sua morte, a lacuna e liderança deixados por ele, até hoje não foram preenchidas em cenário nacional.

E você? Se lembrava de quem foi Luís Eduardo Magalhães? Muito obrigado pela sua leitura.