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A Revolução Constitucionalista de 1932

  • matheusdesenna
  • 9 de jul. de 2021
  • 3 min de leitura

Nos dias que antecederam a Revolução, o mundo como um todo passava por momentos de extrema instabilidade, afinal em 1929 ocorrera a Grande Depressão, também conhecida como a Crise de 1929, que afetou gravemente as mais diversas economias de todo o mundo. Com o Brasil não foi diferente, por aqui, até então existia-se a predominância da cultura cafeeira, com os EUA sendo o maior comprador de café do Brasil. Com a crise ocorrida, o volume de exportações caiu a números assustadores, que prejudicaram violentamente a economia brasileira, inclusive provocando a famosa migração do campo para as cidades que ocorreu a partir da década de 1939.


Todo o momento hostil que era percebido no momento, complicou-se ainda mais no Brasil com o Golpe de Estado de 1930, onde o então presidente eleito Julio Prestes foi impedido de assumir seu mandato, finalizando assim a política café-com-leite que vigorava no Brasil, acabando também com a chamada República Velha e literalmente rasgando a Constituição vigente no país.


Quando Vargas assumiu a presidência provisória, havia-se o acordo da convocação de novas eleições e de uma Assembléia constituinte para que fosse elaborada e promulgada uma nova Constituição federal; isso não foi cumprido por Vargas e o que se via em seu governo era uma espécie de represália ao estado de São Paulo, até então o principal estado da nação. O país passou a ser governado através de decretos e isso acabou com a autonomia e o prestígios que os estados gozavam até então com a antiga Constituição. Isso fez com que eles passassem a ser meros espectadores dos mandos e desmandos do presidente provisório.


Como havia sido amplamente apoiado pelos militares de baixa patente no Golpe de 1930, Getúlio Vargas os prestigiou em seu governo, inclusive dando poderes a alguns deles. Em São Paulo por exemplo foi escolhido como interventor o tenente João Alberto Lins de Barros, que não foi bem aceito pela oligarquia paulista que o chamava pejorativamente de "forasteiro", "plebeu" ou "pernambucano".


Com todo este cenário, o sentimento nas ruas do estado de São Paulo era de imensa insatisfação. Em maio de 1932, durante uma manifestação nas ruas de São Paulo, a polícia mata quatro jovens, chamados Martins Miragaia, Draúsio e Camargo. Um quinto jovem viria morrer após alguns meses internado. A inicial do nome dos quatro jovens, dá nome ao movimento que viria a ser o responsável pela mobilização de todo o o estado no levante contra o governo federal. O movimento ficou conhecido como MMDC.


Após a morte dos jovens e a criação do movimento, o que se viu foi um movimento que passou a ganhar cada vez mais capilaridade pelas ruas paulistas. A adesão foi maciça. Os revolucionários paulistas, diante da solidariedade de alguns estados, acreditavam que teriam o apoio de muitos deles como Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Mato Grosso e que assim marcharia rapidamente até a capital do país para depor Getúlio, porém, o que se viu não foi isso, sendo o então estado do Mato Grosso o único a apoiar de fato os paulistas.


Os revolucionários acreditavam tanto em uma vitória rápida que nem mesmo se mobilizaram para montar defesas contra os outros estados em suas fronteiras, um erro gravíssimo. O governo federal inflamava o país e a opinião pública dizendo se tratar de um movimento separatista, fato que nunca foi se quer mencionado pelos paulistas.



O levante iniciou no dia 9 de julho de 1932, como São Paulo não havia preparado uma defesa em suas fronteiras, quando o conflito começou teve de fazer isso as pressas devido a ofensiva militar do governo federal contra São Paulo, Mato Grosso e alguns poucos gaúchos também revoltosos.


Ao longo dos 87 dias de conflito, a força paulista contou com mais de 10.000 combatente e mais de 200.000 voluntários, sendo ajudados por 450 gaúchos e 3.000 matogrossenses. As forças federais contaram com todo efetivo militar federal, além de mais 100.000 combatentes de forças estaduais. O saldo do conflito foi de entre 934 e 2.200 mortos, sendo a maioria das forças paulistas. Várias cidades do estado de São Paulo ficaram danificadas também.


Apesar da derrota, muitas reinvindicações dos paulistas foram atendidas, como a nomeação de um interventor local. O movimento foi um dos precurssores da Constituição federal de 1934.


A Revolução Constitucionalista de 1932 é tratada como um orgulho para o Estado de São Paulo, sendo feriado estadual inclusive. Ela é um marco cívico paulista e os nomes de Martins, Miragaia, Draúzio e Camargo foram inscritos no Livro dos Heróis da Pátria.

 
 
 

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